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            Profissionalização no Fado

 

Foi por alturas de 1926 que começaram a vigorar os "Direitos de Autor" e foi, mais ou menos também, por essa altura que começou a obrigatoriedade de contratos escritos. Até esta altura os fadistas eram contratados apenas por palavra, não havia qualquer papel assinado, sómente um acordo verbal. Eram já nessa altura "cabeça de cartaz", fadistas como o Manuel Maria, Alfredo Correeiro, João Maria dos Anjos, Júlio Proença, Francisco dos Santos (Chico Maluco), Filipe Pinto, etc.

Os recintos para darem espectáculos tinham que ter uma licença passada pela Inspecção Geral de Espectáculos. Os fadistas tinham que ter um contrato por escrito em papel selado, com a duração mínima de cinco dias e tinham ainda que possuir o "Cartão de Artista de Variedades". Mas para que o cartão lhes fosse passado tinham de tirar o "cadastro"  (hoje o certificado de registo criminal )  e todos aqueles que não tivessem o cadastro limpo não eram autorizados a exercer a profissão. Os artistas tinham, também, a obrigação de submeter o seu reportório à "Comissão de Censura da Inspecção Geral de Espectáculos" e eram obrigados a exibir as letras aprovadas quando os Fiscais assim o exigiam. Quem fosse apanhado a cantar sem cartão, ou com uma letra não aprovada, ia detido para o Governo Civil, só saindo depois de pagar uma multa.

 

 

Por alturas de 1941 o movimento operário inicia as reivindicações pelas 8 horas de trabalho diário (eram 12 horas diárias na altura). Em 1943 numa greve geral, à qual Alfredo que também adere, os grevistas são todos presos, entre eles os seus filhos Carlos e Alfredo que também eram trabalhadores nos estaleiros.

Desgostoso com este facto, começa a pensar pedir a demissão e passar a viver exclusivamente do fado.

 

Em 1946 vivia-se no rescaldo da 2ª Guerra Mundial. Nessa altura, paradoxalmente, estava-se no principio do aparecimento das casas de fado e face à crise económica resultante dessa terrível guerra, a opção pelo profissionalismo no fado teve de ser adiada.

 

Na Calçada de Carriche actuou no 'Nova Sintra', corria o ano de 1947, havendo então a tradição de se ir ao Fado fora de portas.

 

Em 1949  com o seu filho 'Rodrigo Duarte',  torna-se empresário e abre o Restaurante o "Solar do Marceneiro", que, no entanto, apesar do muito êxito que teve , não durou muito tempo, pela a falta de jeito para os negócios e a incapacidade de estar a cantar por muito tempo no mesmo sitio e por obrigação. Aliás, como aconteceu em outras casas onde esteve contratado. No entanto, a amizade e consideração que todos os empresários por ele tinham, levava a que a sua irreverência fosse tolerada e por isso, nunca saiu de um acordo em litígio. Pode considerar-se que Marceneiro era «privativo» em todas as casas de fado.

 

O Bairro Alto, com a abertura de diversas casas de fado, também apelidadas de Restaurantes típicos, como a 'Adega da Lucília' ( mais tarde 'O Faia')   de Lucília do Carmo e Alfredo de Almeida, posteriormente do filho Carlos do Carmo, a 'Adega Machado'  de Armando Machado e Maria de Lourdes Machado, a 'Adega Mesquita' de Domingos Mesquita e a mulher "Ti Adelina", a  'A Severa'  de José de Barros e Maria José,   A Tipóia  de Adelina Ramos,  o  'Solar da Hermínia',   'A Toca'  do Carlos Ramos 'O Lar Português' do José Borges,  'Lisboa à Noite'   da Fernanda Maria e o 'Café LUSO' que já existia,  passa a ser o bairro mais frequentado pelos os amantes do fado.

 

Em todas elas Alfredo Marceneiro proporcionou noites inesquecíveis para quem as viveu, interpretando os seus fados como só ele sabia, crescendo a sua fama sem parar.

 

Entretanto Lisboa não pára e, noutros locais da cidade, abrem outras casas de fado que fizeram parte do roteiro de Alfredo Marceneiro, tais como a 'Viela' com a Celeste Rodrigues e mais tarde com Sérgio na Rua das Taipas, a  'Márcia Condessa'   na Praça da Alegria, a 'Parreirinha de Alfama' de Argentina Santos, a Nau Catrineta  e  a 'Taverna do Embuçado'  do João Ferreira Rosa em Alfama,  'A Cesária'   do Mário Oliveira e  a mulher Rosa'O Timpanas'    da família Forjaz, as duas  em Alcantara, etc.

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