Origens
Seu pai Rodrigo Duarte e sua mulher Gertrudes da Conceição , ambos naturais do Cadaval e pertencendo a duas famílias conhecidas da região os Coelhos e os Duartes , decidem unir a suas vidas e recebem a bênção matrimonial do padre Santos Farinha amigo da família, Passado algum tempo o Rodrigo Duarte que era mestre de corte de calçado, resolveu transferir o seu lar para Lisboa, onde arranjara colocação numa sapataria na Rua da Madalena, trazendo o Alfredo no porta bagagens (como ele dizia com alguma graça), pois a sua mãe já vinha grávida.
Chegados à capital, vão morar na Freguesia de Santa Isabel, numa casa na Travessa de Santa Quitéria que hoje já não existe.
Foi precisamente nessa casa que nasceu para o mundo e para o Fado o primeiro filho do casal Duarte, no dia 25 de Fevereiro de 1891, (mais tarde, porque ele sempre disse que nasceu a 29 de Fevereiro, concluiu-se que nasceu em 1888 ultimo ano bissexto antes de 1891 ano do seu registo), a quem foi dado o nome de ALFREDO RODRIGO DUARTE, a este filho juntaram-se mais três: o Júlio que também foi fadista , o Álvaro e a Júlia.
Com a família a aumentar o pai Rodrigo Duarte a fim de melhorar a sua vida, tenta a sua sorte estabelecendo-se com uma sapataria na Rua de São Bento.
Alfredo Marceneiro junto da Igreja de Santa Isabel contando para uma vizinha, que nasceu nesta freguesia, na Travessa de Santa Quitéria.
Alfredo frequentou a escola primária demonstrando um aproveitamento acima da média. Seu pai apercebendo-se do gosto para a musica que seu filho demonstrava queria que ele aprendesse, morreu no entanto sem ver este seu desejo concretizado.
À pergunta de Henrique Mendes, se pudesse voltar atrás o que queria ser, só fadista ou só marceneiro, Alfredo Marceneiro responde
Rodrigo Duarte aos 38 anos é brutalmente arrancado ao convívio dos que lhe são queridos. Estávamos em 1905 e o pequeno Alfredo apenas com 13 anos, ainda profundamente abalado com a morte de seu pai vê-se forçado a procurar emprego para ajudar nas despesas da casa, empregou-se como aprendiz de encadernador numa oficina na Rua da Trindade. O seu primeiro salário foi de quatro vinténs mas pouco depois passou para um tostão, como o horário o obriga a trabalhar até às nove horas da noite e Alfredo anseia por outra profissão com melhor horário, que lhe permita tomar parte nas cegadas a que já assiste com especial atenção.
Assim, quando Júlio Janota fadista improvisador e marceneiro de profissão o convida para aprender este oficio, Alfredo não hesita e aceita o emprego junto dele como seu aprendiz, numa oficina em Campo de Ourique, onde ganhava mais e saia mais cedo.
As suas influencias pelo canto são-lhe transmitidas por sua mãe, que segundo ele cantava muito bem. No entanto, também seu pai que foi membro da banda musical do Cadaval e seu avô materno que tocava guitarra e cantava fados de improviso o influenciaram bastante.